CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE ENTRA EM ACORDO HISTÓRICO E A HABITAT TRAZ UMA DISCUSSÃO PARA O SEU CLIENTE

A COP15 da ONU (Organização das Nações Unidas), convenção especializada em biodiversidade, se reuniu dos dias 7 a 19 de dezembro. A Conferência das Partes é uma reunião internacional, que está na 15ª edição, e traz lideranças governamentais de todo o mundo. A convenção aconteceu em Montreal, no Canadá e discutiu diversos assuntos, com um objetivo principal em mente: traçar um plano de ação de proteção da natureza nos próximos 10 anos. Mostrando interesse no assunto relacionado aos animais, a assessoria de comunicação da Clínica Veterinária Habitat traz a informação, junto com outros personagens.

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A primeira convenção sobre a biodiversidade ocorreu em 1992, aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, contando com a presença de 150 líderes de todo o mundo. Na época, foram traçados três objetivos: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos componentes da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização de recursos energéticos. Em 2010, na COP10, em Nagoya, no Japão, os governos participantes concordaram em cumprir com os objetivos firmados desde o ano em questão, até o ano de 2020. Entretanto, o relatório da conferência de 2020 aponta outras verdades. Nenhuma das metas estipuladas foram atingidas.

Não faltam estudos científicos e artigos, escritos e realizados ao redor do globo, que comprovam a perda da biodiversidade no planeta Terra. O aceleramento da extinção das espécies é ligado à diferentes fatores, no entanto, o mais relevante entre eles, é a própria ação humana. A jornalista estadunidense Elizabeth Kolbert, em obra intitulada “A sexta extinção – uma história não natural”, traz uma gama de cientistas e profissionais de diversas áreas do conhecimento, para nos mostrar as perdas que estamos lidando no atual momento da humanidade. A história comprova que nosso planeta já passou por cinco grandes extinções em massa nos últimos 500 milhões de anos. E não é de se assustar quando pensamos que estamos passando por outra extinção em massa, tão devastadora quanto o impacto do asteroide que devastou os dinossauros. Entretanto, a causa principal da sexta extinção somos nós mesmos, enquanto humanidade.

É realmente importante discutir sobre a biodiversidade?

Podemos parar para pensar em diversos fatores que são favoráveis para que nós, enquanto humanidade, coloquemos a biodiversidade na discussão em nossos grupos de amigos e familiares. Podemos, também, parar para pensar em fatores de aspecto negativo. Começando pelos fatores negativos, pontuaremos apenas alguns dos quais é ouvido com bastante frequência: 1º – assunto considerado por boa parcela de conhecidos como algo ultrapassado e cansativo. 2º – para o bem da saúde mental individual, alguns se recusam a conversar, para que possam ‘viver em paz’. O assunto realmente requer uma discussão analítica e fria e pode ser cansativo para algumas pessoas, que tenham medo de perder a sanidade mental. Entretanto, trazendo apenas um ponto favorável, o assunto é de extrema importância para a vida humana no planeta Terra, como um todo. Pode não ser uma boa hora para sermos, novamente, egoístas.

Parando para pensar de forma analítica, nós, como meros cidadãos em nossas minúsculas cidades, temos a possibilidade de conseguir fazer algo que realmente gere um impacto? Seria muito presunçoso de nossa parte realmente acreditar que pequenas ações, enquanto sociedade civil, podem gerar respostas positivas? Minha humilde opinião, sim e não. E comigo neste pensamento, poderia encontrar e citar alguns nomes. No entanto, vou trazer apenas um, o professor livre-docente do departamento de história do IFCH/Unicamp e escritor de diversas obras, Luiz Marques.

Em artigo intitulado “A convenção-quadro do clima morreu?” e publicado no Jornal da Unicamp, o professor traz uma discussão ampla sobre o texto final da COP27. Como lobistas, ecossistema e biodiversidade. O artigo traz, também, o ponto chave para o questionamento que trago no início. Nas palavras do professor: “A mobilização da sociedade civil é ainda modesta, mas suas lutas são concretas e já efetivas em âmbito local e setorial. Essa diversidade de abordagens, de escopos e de práticas é positiva. Não há oposição e sim complementaridade entre elas”. Portanto, se você tem como objetivo fazer algo relevante para proteger a biodiversidade, pequenas ações são um ótimo começo. Nem que seja o mínimo, como discutir sobre o assunto, nas minúsculas esferas da nossa sociedade, tem a possibilidade de gerar um impacto positivo. Seja analítico, frio e responsável. Abandone, por alguns minutos, assuntos que não tragam relevância para a coletividade. Não é necessário ser um ativista do WWF, ou ter caminhões de dinheiros para que a diferença seja feita, independente da cidade que você reside.

Os objetivos da COP15 para deter a perda da biodiversidade

A Conferência das Partes, que ocorreu no Egito, estava recheada de lobistas de empresas gigantes e endinheiradas, principais causas, comprovado cientificamente, do aumento dos gases do efeito estufa (GEE) no mundo. O que foi esperado da COP15, primeiramente, era a diminuição da participação de lobistas e grandes empresas. Por exemplo, não houve um patrocinador do evento. Isso mesmo. A COP no Egito teve um patrocinador. Assim como as últimas quatro Conferência das Partes. Patrocinadores que estão à parte da discussão de novas fontes energéticas e proteção da biodiversidade. Ou, se preferir, patrocinadores que não têm nada a ver. Desde grandes empresas de carvão e gás, a empresas multi internacionais, responsáveis pela produção de 200 mil garrafas pet por MINUTO, dados publicados e divulgados pela própria empresa patrocinadora da última COP.

Nos últimos anos, através dos mais diversos estudos científicos que são encontrados, a perda da biodiversidade nunca foi tão severa, desde a extinção dos dinossauros. O ser humano, num todo, se beneficia diariamente da natureza, em diversos aspectos de nossa vida no dia a dia. Alimento, energia, materiais no geral, utensílios, medicamentos, recreação dentre outros. Nas palavras do próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do congresso internacional, que disse: “Mais da metade do PIB global, o equivalente a 41,7 trilhões de dólares, depende de ecossistemas saudáveis”. A COP15 visava alcançar um acordo histórico, real, para deter e reverter a perda da natureza. Algo que aconteceu, já nas primeiras horas de reunião no último dia de conferência, 19 de dezembro.

Um acordo financeiro com um objetivo em mente

Para que pudessem ser vistos progressos reais, cinco principais discussões foram trazidas: mudança do uso do mar e da terra, superexploração de organismos, mudança climática, poluição e espécies exóticas e invasoras e suas causas subjacentes, como consumo e produção insustentáveis. Tudo isso é trazido nos documentos que estão disponíveis de forma gratuita para o acesso no site da conferência.

Um dos assuntos mais importantes, falando em realmente conseguir visualizar progressos, é em relação aos acordos financeiros. Quanto seria o valor que os países mais ricos deverão apoiar outras nações em desenvolvimento, para financiar a conservação e a proteção da biodiversidade? Acesso e compartilhamento de benefícios, também foram discutidos e acordados. A forma como os novos recursos genéticos podem ser acessados. As empresas de biotecnologia deverão receber apoio para aplicar suas práticas. É necessário que todas as nações sejam capazes de se beneficiar, no acesso aos recursos disponibilizados na natureza.

Com isso em mente, a fim de não ser um fracasso, a COP15 finalmente entrou num acordo financeiro, que obteve a aceitação da maioria dos países presentes. O pacto estipula que até 2030, cerca de 30% do planeta seja considerado área protegida, com a destinação de 30 bilhões de dólares por ano, para ajudar os países em desenvolvimento a proteger a natureza. Apenas a República Democrática do Congo foi contrária ao texto da negociação, pois, de acordo com representantes do país africano, os recursos financeiros estipulados não eram o suficiente para algo tão gigante. Para Sophie Eastaugh, jornalista britânica que comanda um dos podcasts mais conhecidos, o Climate Question, da BBC, o valor não chega nem perto dos 600 bilhões de dólares que foi estipulado como valor ideal por diversos cientistas que acompanham o assunto.

Fazendo um apanhado geral dos acontecimentos durante os dias de reuniões e negociações da COP15, podemos chegar a várias conclusões, mas vamos trazer apenas duas. De um lado, nunca na história das discussões sobre preservação da natureza foi estipulado um objetivo tão ambicioso. A meta, chamada de 30 por 30 pelo presidente da COP15 e ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, Huang Runqiu, espera alcançar 30% do território mundial, terras e mares, até o final da década.

Por outro lado, espera-se que 30 bilhões de dólares sejam injetados, por ano, para que essa meta seja alcançada, com o apoio de todos os países participantes. No entanto, 30 bilhões de dólares parece muito, não é? Em artigo que defendia a biodiversidade, publicado pelo sociólogo e ambientalista Juacy da Silva, o professor falava sobre um possível fracasso dessa convenção. Será que podemos considerar, mesmo que tenha sido estipulada uma meta tão ambiciosa, essa conferência como um fracasso? Faça essa pergunta a você mesmo: “Se é que a gente consiga imaginar um valor, quanto vale para salvar, proteger e reparar os danos causados à biodiversidade até 2030?”. Indiretamente, acho que já dei a minha singela opinião.